As glândulas salivares são divididas em dois grupos: as glândulas salivares maiores – parótidas, submandibulares e sublinguais; e as glândulas salivares menores, distribuídas pela cavidade oral e pelo trato respiratório superior.
As glândulas salivares são divididas em dois grupos: as glândulas salivares maiores – parótidas, submandibulares e sublinguais; e as glândulas salivares menores, distribuídas pela cavidade oral e pelo trato respiratório superior.
As parótidas são as maiores e mais importantes glândulas salivares, responsáveis pela produção do maior volume de saliva. Como todas as glândulas salivares maiores, apresentam-se aos pares.
O nervo facial está intimamente relacionado à glândula parótida. Este nervo, ao emergir do forame estilomastoideo, penetra na intimidade da glândula, dividindo-a em lobos superficial e profundo.
Existem, aproximadamente, 20 a 30 linfonodos intraparotideanos que podem manifestar-se como massas parotidianas.
As glândulas submandibulares estão localizadas bilateralmente no espaço submandibular.
São palpáveis em indivíduos normais, abaixo da mandíbula, sendo melhor avaliadas pela palpação bidigital.
Importantes estruturas encontram-se relacionadas intimamente a essa glândula, entre elas, citamos a artéria facial, os nervos linguais e hipoglosso.
Estão localizadas abaixo da mucosa oral, no assoalho bucal.
As glândulas salivares menores são submucosas e estão localizadas por toda a cavidade oral, faringe, laringe, cavidade nasal e seios paranasais.
As principais afecções salivares podem ser de natureza infecciosa, obstrutiva e neoplásica.
Aproximadamente 70% dos tumores de glândula salivar menor são malignos e o tipo histológico mais comum é o carcinoma adenoide cístico. A forma mais frequente de apresentação é o nódulo submucoso na cavidade oral. O sítio mais acometido é a junção do palato mole com o palato duro. O diagnóstico é confirmado pelo estudo histológico, podendo a biópsia ser incisinal ou excisional dependendo do tamanho do nódulo. O tratamento é sempre cirúrgico com ressecção ampla, seguido de radioterapia no caso do carcinoma adenoide cístico.
Como na parótida, o tumor mais frequente é o adenoma pleomórfico, representando aproximadamente 50% dos casos; o segundo mais frequente é o carcinoma adenoide cístico.
A manifestação clínica é a massa submandibular. A biópsia incisional é contraindicada na avaliação do nódulo de glândula submandibular. A menor biópsia é a excisão de toda a glândula.
Todo nódulo localizado na topografia da parótida deve ser visto como tumor, até que se prove o contrário. O tumor que mais frequentemente acomete a parótida é o adenoma pleomórfico, tumor benigno, sendo responsável por aproximadamente 70% dos casos.
A menor biópsia que se realiza na parótida na avaliação do nódulo é a parotidectomia superficial, que deve ser realizada a nível hospitalar e por especialista.
As neoplasias de glândula salivar apresentam etiologia desconhecida.
Na maioria das vezes os tumores salivares se manifestam como massas, geralmente assintomáticas, localizadas na topografia habitual das glândulas. São vários os tipos histológicos possíveis, podendo ser benigno ou maligno com variado grau de malignidade. A incidência de malignidade varia de acordo com a glândula acometida. De modo genérico podemos considerar que quanto menor a glândula, maior o risco de malignidade.
A parótida é a glândula mais acometida, sendo envolvida em aproximadamente 70% dos casos. A glândula submandibular é acometida em torno de 8% das vezes e as glândulas menores em 22%. O acometimento das glândulas sublinguais é extremamente raro.
O tratamento dos tumores de glândula salivar é sempre cirúrgico, sendo a complementação radioterápica indicada para os tumores malignos de alto grau de malignidade. O esvaziamento cervical estaria indicado na presença de metástase regional e em alguns tipos histológicos.
É definida por episódios recorrentes de inflamação parotídea não obstrutiva, de causa desconhecida.
A apresentação clínica mais comum da parotideite recorrente da infância é a presença de abaulamento, dor e hiperemia em região das parótidas. Geralmente, os sintomas se iniciam entre três e seis anos.
A realização de exames de imagem é essencial para afastar a presença de quadros obstrutivos e neoplasias.
Na maioria dos casos o prognóstico é bom, com diminuição das crises após a puberdade, mas a evolução é muito variável. O tratamento em geral, é conservador, com uso de analgésicos comuns e orientações de cuidados locais (massagem, calor local e higiene bucal) e, até o presente, não se conhecem medidas preventivas para evitar a recorrência dos episódios. Antibioticoterapia está indicada nos casos de infecção associada.
É uma forma de cisto de retenção, que se forma especificamente no assoalho da boca relacionado com os ductos das glândulas sublinguais e submandibulares.
O tratamento é cirúrgico.
Mucocele é o cisto de retenção das glândulas mucosas da boca. É mais comum nos lábios, predominando no lábio inferior.
Quando superficial, rompe-se com facilidade eliminando material mucoide e pegajoso. O cisto se forma em consequência de traumatismos do ducto excretor. O hábito de morder os lábios é a causa mais frequente.
O tratamento consiste na ressecção.
Sialolitíase é a presença de cálculos no interior da glândula salivar ou em seu ducto e representa a causa mais comum de obstrução do fluxo salivar. A glândula mais acometida é a submandibular.
Em geral, os homens são mais acometidos que as mulheres e a faixa etária mais acometida varia de 30 a 60 anos. Raramente as crianças são acometidas. Cálculos submandibulares são em geral maiores e localizados no ducto. Cálculos parotídeos são menores, muitas vezes múltiplos e, em 50% das vezes, estão localizados no interior da glândula.
A glândula submandibular, em geral, é mais susceptível à formação de litíase devido ao trajeto longo e tortuoso do seu ducto, o fluxo salivar é mais lento e contra a gravidade e a saliva é mais alcalina, com maior conteúdo de mucina e cálcio. Desidratação, medicamentos anticolinérgicos e trauma são também fatores predisponentes à formação de cálculo.
Pacientes com sialolitíase apresentam-se com quadro de dor e aumento de volume da glândula, usualmente agravados pela alimentação. Em alguns casos os pacientes podem estar assintomáticos e o cálculo ser encontrado incidentalmente no exame físico ou radiografias (Rx de dente por exemplo). Nos casos em que se desenvolve sialodenite associada, a dor, edema e hiperemia podem aumentar. Quando o cálculo obstruir o ducto glandular intermitentemente, os sintomas podem aparecer esporadicamente.
Na maioria das vezes o diagnóstico é clínico. Exames de imagem podem ser úteis quando se suspeita do cálculo e não são encontrados ao exame clínico.
Tratamento conservador na maioria das vezes é o mais indicado quando da primeira crise de sialolitíase. Os pacientes devem ser instruídos a manterem-se hidratados e massagear a glândula estimulando a drenagem da saliva. Alimentos que estimulem a salivação (alimentos ácidos por exemplo) devem ser estimulados a usar, se o paciente tolerar. Anti-inflamatórios não esteroides podem ser utilizados para diminuir a dor e a inflamação. Paciente com dor intensa pode precisar de analgésicos opioides. Nos casos de infecção associada, antibioticoterapia deve ser prescrita.
Os casos recorrentes devem ser tratados cirurgicamente. O tratamento consiste da extração dos cálculos por via transoral, quando os mesmos se localizam próximo ao óstio de drenagem, ou por excisão da glândula nos casos de cálculos múltiplos ou intraglandular.
A sialolitíase intraglandular da parótida representa um problema para o clínico e o cirurgião. Como a presença do cálculo representa risco potencial de sialoadenite aguda, devemos estimular o paciente a evitar episódios de desidratação. A indicação cirúrgica se limita a casos extremos de parotidites agudas recorrentes.
A causa mais comum de doença da glândula salivar é a infecção viral e a glândula parótida é tipicamente a mais acometida pelo vírus da caxumba. As crianças são as mais acometidas. A manifestação típica é o aumento e a dor, geralmente bilateral, acompanhada de fenômenos gripais. É afecção autolimitada e o tratamento é feito com sintomáticos (analgésicos e antitérmicos). Alguns casos podem complicar com surdez, sialectasia, orquite ou ooforíte e meningoencefalite, por esse motivo é muito importante a avaliação médica especializada.
Outras doenças virais também podem acometer a glândula parótida.
A estase e a redução do fluxo salivar podem predispor à colonização por micro-organismos, com consequente infecção da glândula.
Sialodenite bacteriana aguda acomete mais comumente pessoas idosas, em pós-operatório, pacientes desidratados ou entubados.
Outros fatores predisponentes incluem uso de medicamentos que reduzem a salivação, desnutrição, cálculo salivar e neoplasias da cavidade oral. Alcoolismo, diabetes melitus, fibrose cística, uremia, gota, sarcoidose também podem predispor à sialodenite.
A glândula parótida é a mais acometida, seguida da submandibular. A flora é variável e muitas vezes polimicrobiana. Staphylococcus aureus é a bactéria mais frequentemente isolada, mas anaeróbios também são comuns.
Sialodenite bacteriana aguda caracteriza-se pelo aumento de volume, de maneira súbita, associado a dor e hiperemia da pele ao redor e sobre a glândula afetada. Sintomas sistêmicos como febre alta e prostração geralmente estão associados.
Exames de imagem podem ser úteis para avaliar a glândula acometida ou ducto obstruído por cálculo e diferenciar entre sialodenite bacteriana aguda, presença de abscesso ou tumor.
O tratamento é clínico incluindo antibióticos por 10 a 14 dias, anti-inflamatórios, hidratação e massagem. O tratamento cirúrgico, na fase aguda, quando indicado, se limita à drenagem de abscessos ou extração transoral de cálculos.
A parotidite aguda, mesmo recorrente, raramente constitui indicação de parotidectomia devido ao risco de lesão do nervo facial.
Pacientes submetidos à irradiação para tratamento de qualquer outra doença podem desenvolver sialodenite quando baixas doses de radiação atingem as glândulas salivares. Os sintomas geralmente são aumento de volume da glândula, que passa a ter consistência mais endurecida, associado a dor leve. Os pacientes podem ainda cursar com diminuição da salivação e perda temporária do paladar.